Foto: Arquivo pessoal de Vander

O "espírito" que controla a luz

Quem desliga as luzes do Ceulp, a noite sou eu, mas um dia pedi para um colega de setor desligar. Quando voltou, ele perguntou assustado:

— Vander, você tava no corredor do prédio 4?”

— Eu não.

— Cara, tem um negócio esquisito lá, quando eu cheguei no último degrau da escada, a luz acendeu. Do nada!

— Sério? Que isso, moço, deve ser alguém fazendo gracinha.

No outro dia ele perguntou:

— Ei Vander, é você que vai apagar as luzes hoje, né?

— Eu não, é você.

— Não, por favor, vai você mesmo — Ele insistiu.

Eu fui, mas quando cheguei no meio do corredor, algo que eu não esperava aconteceu: a luz acendeu. “Eita, o cara tem razão”, eu pensei. Desliguei todas as luzes e fui embora. No outro dia, pedi para ele ir novamente, mas quando ele chegou no corredor, a luz tornou a acender e ele voltou correndo, desesperado. Ele chegou aqui ofegante:

— Cara eu te falei, tem alguma coisa errada aí, a minha vó falava que existia espírito ruim. Eu acho que aqui tem um espírito ruim.

— Não moço, não tem não.

 — Tem sim — Ele insistia.

Então confessei para ele o que tinha acontecido comigo na noite anterior:

 — Tu tem razão, ontem foi desse jeito comigo também. Cheguei lá e a luz acendeu sozinha.

Ficamos nessa, sem entender o que estava acontecendo. Passada uma semana, o Rangel (eletricista), veio aqui pedindo emprestada a chave da sala 220F. Eu estranhei e perguntei:

— O que você vai fazer na 220 F?

— Uai, eu vou colocar um sensor de movimento lá naquele corredorzinho.

— Sensor? Desde quando você tá colocando sensor?

— Tem umas três semanas. Eu tô colocando sensor em todo canto do Ceulp.

— E no prédio 4, você colocou quando?

— Semana passada.

Quando o meu colega chegou aqui na Central eu já tava morrendo de rir:

— Aí, ó seu espírito ruim aqui, é o Rangel!

Essa foi minha contribuição, espero que tenha garantido umas risadas.