50 anos do Golpe Militar

Confira publicações e manifestações de psicólogos/as sobre o período da Ditadura Militar no Brasil

31/03/2014 • Atualizado em 31/03/2014 14:07

Esquecer e Silenciar Jamais

Há 50 anos o Golpe instaurava uma ditadura no Brasil. Passamos a viver um período de repressão e violência. Neste meio século, nosso país mudou muito, mas as marcas do autoritarismo, da exclusão e da discriminação ainda persistem. As violações de direitos intensamente vividas naquele período se atualizam de diferentes formas no nosso dia a dia.

O Conselho Regional de Psicologia, no uso da sua obrigação de prezar pelo exercício da Psicologia pautada pela ética e pelos direitos humanos, convoca a categoria a reflexões, debates e ações que nos permitam jamais esquecer o que vivemos no passado e, tampouco, negligenciar o estamos vivendo hoje.

Assim como outras profissões instituídas no país nos anos 60, a Psicologia carrega em sua história as marcas de um tempo em que, em nome de ideais de modernização, ordem e progresso do país, muitos profissionais se colocaram a serviço de uma certa normalização e adaptação dos indivíduos à sociedade, sem maiores críticas com relação aos efeitos das suas práticas.

A Lei 4.119/62, que instituiu a profissão, foi aprovada no final do governo democrático, momento em que estavam sendo arranjadas as conjecturas necessárias para que em 1964 um Golpe desse início ao período ditatorial. A Lei 5.766/71, que instituiu os Conselhos de Psicologia, só foi aprovada após nove anos de silêncio da categoria profissional, com texto que evidencia as marcas do autoritarismo e de forte vinculação ao Estado.

Diante disso, não podemos nos furtar a pensar sobre os saberes constituídos pela Psicologia em nosso país naquele momento histórico, sobre as práticas das(os) psicólogas(os) naquele cenário, sobre as contribuições da categoria profissional para os movimentos, tanto de apoio quanto de resistência ao regime de Governo. Mas, mais do que isso, não é possível – enquanto instituição que orienta a profissão zelando por seus princípios éticos e visando seu desenvolvimento – que deixemos de promover o debate acerca de como esses saberes e práticas reverberam no cotidiano das(os) psicólogas(os) ainda hoje e quais as consequências que daí advém. Que saberes a Psicologia vem produzindo? Como nossas práticas profissionais se inserem nos jogos de poder contemporâneos? Com que projeto de sociedade temos contribuído enquanto categoria?

O discurso dicotômico que coloca Política de um lado e Psicologia de outro, sustentando posturas profissionais descomprometidas com o contexto social a partir do qual se constituem, tem sido desestabilizado nas últimas décadas, especialmente após o início do processo de redemocratização do país. Entretanto, a falácia que pressupõe da política como um corpo estranho à ciência, ainda encontra-se fortemente presente nas teorias que seguimos reproduzindo, nos processos de formação profissional e nas nossas práticas psi, desenvolvidas tanto em espaços de atuação públicos quanto em espaços privados. Por isso, a necessidade de enfatizar que o trabalho da(o) psicóloga(o) não é neutro e nem apolítico. Precisamos, sempre, refletir sobre em que direção e a serviço do que e de quem estamos ofertando o nosso saber, o nosso exercício profissional.

Neste ano, quando os 50 anos do Golpe coloca em evidência o direito à reparação dos danos por ele causado, temos o dever de reconhecer e de lamentar o fato de que alguns profissionais dispuseram da ciência psicológica em benefício da manutenção de um regime de violência.

Diante disto, para além de cumprir com nossa função de escuta do sofrimento, devemos ser intransigentes na construção e na defesa de um Estado democrático.

 

Fonte: Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

 

 

A VERDADE É REVOLUCIONÁRIA:

testemunhos e memórias de psicólogas

e psicólogos sobre a ditadura
civil-militar brasileira (1964-1985)

 

Somos os nossos discursos, que produzem verdades e
instituem nossos modos de existir. Verdades atravessadas
pelas histórias que vão sendo contadas. Histórias que
produzem presente. Presente produtor de modos de ser,
estar, saber e viver no mundo.

Histórias que produzem e transformam, que tornam
necessário desviar os olhos dos “objetos naturais” para
perceber as práticas, bem-datadas, que produzem as
políticas públicas, as políticas de direitos humanos, as
políticas de subjetivação. A história é, sobretudo, um
trabalho que não é tomado apenas por um método, mas
também por uma política do presente que potencializa
outras possibilidades de pensar, por considerar a história
por meio de suas práticas, de um não esvaziamento de
suas forças transformadoras.

Que as verdades contadas, aqui, como memórias e
testemunhos, sejam potentes para reescrevermos nossa
história. De um passado não tão distante e que, por vezes,
coloca-se como presente.

Somos todos afetados pela ditadura e nossas memórias
não podem ser silenciadas. O testemunho traz para o
campo do discurso aquilo que é da ordem do inenarrável,
em uma ação que transforma sofrimentos individuais em
vivências coletivas.

Apresentamos, aqui, testemunhos e memórias de
psicólogas e psicólogos de todo o país. Testemunhos
historicamente marcados por interdições, medos,
imobilizações e isolamentos.

As Comissões de Direitos
Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, neste trabalho,

fazem dessas memórias potência de falas, seguranças, mobilizações e vínculos.

Que este se junte a outros projetos coletivos para se
avaliar e repensar o país

 

Acesse o livro na integra aqui

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