Psicologia conta com mais um Doutor no corpo docente

Pierre Brandão defendeu sua tese de doutorado na Universidade Católica de Brasília (UCB-DF)

Por Sonielson Luciano de Sousa - Professor de Psicologia do Ceulp/Ulbra – Palmas-TO
11/09/2017 • Atualizado em 11/09/2017 09:34

Há poucos dias o professor do Ceulp/Ulbra Pierre Brandão entrou para o seleto grupo de profissionais com doutorado no país. Pierre defendeu a tese “Validade e confiabilidade de um sistema digital de avaliação da imagem corporal para escolares de 10 a 12 anos”, sob a orientação da professora Dra. Carmen Silvia Grubert Campbell, pela Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), e reforça a equipe de professores/pesquisadores do Ceulp/Ulbra.

Na banca, estiveram presentes os professores doutores Irenides Teixeira (Ceulp/Ulbra), Thiago dos Santos Rosa (UNB), Gislane Ferreira de Melo (UCB), Guilherme Borges Pereira (UCB) e Elaine Cristina Vieira (UCB). Em entrevista ao EnCena, Pierre Brandão fala dos desafios superados e conquistas alcançadas durante o doutoramento, além de discorrer sobre a influência da Psicologia em sua tese, e os benefícios que a mesma irá proporcionar para a comunidade.

 

Em entrevista ao portal (En)Cena, Pierre Brandão fala dos desafios superados e conquistas alcançadas durante o doutoramento

 

Pierre Brandão e sua orientadora. Foto: arquivo pessoal

 

EnCena – Recentemente você conquistou o seu doutoramento com a tese “Validade e confiabilidade de um sistema digital de avaliação da imagem corporal para escolares de 10 a 12 anos”. Qual o maior desafio enfrentado nesta trajetória?

Pierre Brandão: Acredito que o maior desafio tenha sido o de envolver áreas que não tem tradição em cooperação, como a Computação e a Educação Física. O mesmo não acontece com a Psicologia e a Educação Física, onde já se tem um histórico de cooperação. Articular um intercâmbio entre as três áreas foi, talvez, o mais difícil neste processo. Apesar dos recentes avanços neste sentido e dos inúmeros aplicativos e ferramentas que estão sendo construídos e disponibilizados, ainda há certa resistência por parte da comunidade acadêmica e científica, especialmente quando esta cooperação foge ao tradicional e solicita um trânsito menos ortodoxo entre as áreas.

 

EnCena – Percebe-se que há a interdisciplinaridade entre aspectos da Educação Física e da Tecnologia, por exemplo. Mas, por se tratar de corporeidade, você lançou mão da Psicologia?

Pierre Brandão: Sim, com certeza, a psicologia é parte fundamental do meu trabalho, pois a corporeidade, em especial a imagem corporal, é fruto de uma relação dinâmica entre aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais. Pensar em corporeidade ou imagem corporal sem considerar todos estes aspectos envolvidos é ineficiente, por isto a necessidade de romper com a forma tradicional de pesquisa e trabalho, articulando parcerias e uma interdisciplinaridade vivenciada de maneira efetiva, com diálogo e compartilhamento de informações.

 

EnCena – Quais as linhas gerais a que você chegou, a partir de sua pesquisa?

Pierre Brandão: A pesquisa possibilitou o entendimento de que a forma digital de avaliação da imagem corporal, além de dinâmica, lúdica e rápida, foi ligeiramente superior quanto a estabilidade dos resultados em ambos os instrumentos estudados, ou seja, além de fornecer o resultado imediatamente após a aplicação do teste, estes resultados foram mais confiáveis e com menor erro em relação ao método tradicional. Isso possibilita uma maior praticidade para os profissionais, além de permitir que o próprio teste seja instrumento de intervenção para reconstrução da imagem corporal e para o diálogo educativo sobre estas questões.

 

Composição da banca de defesa do doutoramento. Foto: arquivo pessoal

 

EnCena – Por que, dentre tantos temas, você optou por este? O que te motivou? E quais as contribuições que sua pesquisa vai deixar para a comunidade?

Pierre Brandão: Na verdade, esta não foi a minha proposta inicial. Nos primeiros dois anos do doutorado eu pesquisei os impactos de sessões de videogame ativo sobre a imunidade de crianças com câncer. Então surgiu a necessidade de mudar de pesquisa, o que foi uma grande oportunidade, apesar do carinho pelo tema anterior. A corporeidade sempre foi um objeto de grande curiosidade e interesse para mim, meu mestrado envolveu ‘teatro, corpo e imaginário’, e sempre fui muito atraído por estas questões, em especial pela forma como as pessoas constroem sua noção de corpo, beleza e identidade. Foi uma decisão muito acertada, pois o estudo deixa como contribuição para a comunidade a disponibilização gratuita das versões digitais de ambos os instrumentos de avaliação da imagem corporal, um perceptual e outro atitudinal, com manuais e tutoriais, já para o ano que vem. Estes recursos poderão ser utilizados por escolas de todo o país e por todos os profissionais que trabalham e/ou estudam esta área.

 

EnCena – Em que pé se encontram os estudos relacionados à percepção e também satisfação das pessoas em relação a seus próprios corpos?

Pierre Brandão: Embora os estudos sobre corporeidade e imagem corporal tinham origem no início dos anos de 1900, aqui no Brasil esta questão só recebeu destaque nos últimos 30 anos. Ainda temos muitos e grandes desafios, pois muitos estudos ainda utilizam instrumentos sem validação para a população brasileira, o que compromete a confiabilidade dos resultados encontrados. Além disto, crianças e adolescentes tem sido um público pouco estudado e gestões de gênero tem sido pouco abordada ou mesmo ignorada, especialmente na construção de instrumentos de avaliação. Por fim, enfrenta-se a barreira de implementar uma interdisciplinaridade efetiva, que é fundamental para estes tipos de estudos, e da notória predileção dos pesquisadores por estudos sobre satisfação corporal em detrimento da percepção. Mas é necessário compreender que a satisfação está diretamente e indissociavelmente ligada a percepção corporal, que tem sido negligenciada.

 

EnCena – Quais os seus próximos desafios?

Pierre Brandão: No momento estou empenhado em fortalecer as atividades do ‘grupo de estudos e pesquisas em tecnologia, saúde e qualidade de vida (GEPETS)’ e a atuação interdisciplinar deste. Especificamente sobre as ferramentas e estudos sobre corporeidade, além de pequenos ajustes nas ferramentas já construídas, o maior desafio será a criação de um novo instrumento, com uma tecnologia mais acessível e que inclua de maneira natural e efetiva as questões de gênero, da identidade à expressão, e que possa ser utilizado não apenas com crianças e adolescentes, mas também com adultos e idosos.

 

 

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