Mindfulness é forte aliado no combate aos transtornos da mente

“A ação perfeita é o fruto da meditação perfeita”
Textos Hindus

                                                    

Recentemente os veículos de massa, a exemplo de algumas das maiores emissoras de TV abertas e jornais de ampla circulação nacional, vêm dando importante ênfase aos benefícios da meditação para a saúde física e mental. Em parte, isso ocorre porque as práticas terapêuticas orientais estão cada vez mais demonstrando seu potencial transformador, assumindo posições menos exóticas e “excepcionalistas”. Também há de se destacar, neste movimento, o crescente interesse da comunidade científica ocidental em (re)conhecer os benefícios da meditação. Há uma profusão de pesquisas em andamento e outras já concluídas.

Um dos estudos mais recentes, conduzido pela Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, mostra que 30 minutos diários de meditação podem atenuar sintomas de ansiedade e depressão. A prática, em seu caráter secular (fora do contexto religioso e que, portanto, pode ser usado por psicólogos, médicos e terapeutas de toda ordem), recebe o nome de mindfulness, que pode ser definido como uma ação que “tem seu objetivo em aumentar o estar consciente e atento as experiências vividas, o aqui e agora. Este propósito é reconhecer e aceitar a realidade como ela for, sem a avaliação emocional, distorções mentais ou reagindo de maneira automática”, de acordo com o programa Iniciativa Mindfulness, gerido por psicólogos clínicos de várias partes do Brasil.

Voltando aos experimentos da Universidade Johns Hopkins, que são conduzidos pelo professor Madhav Goyal, a pesquisa revelou que “a meditação parece aliviar sintomas de depressão e ansiedade com os mesmos resultados dos antidepressivos relatados em outros trabalhos”. Ainda de acordo com os pesquisadores, foi avaliado o grau de mudança desses sintomas em pessoas que tinham uma variedade de condições médicas, tais como insônia ou fibromialgia, embora apenas uma minoria tivesse sido diagnosticada com doença mental. “Goyal e seus colegas descobriram que a chamada meditação mindfulness – uma técnica budista de atenção plena –, por 30 minutos diários, também teve sucesso no alívio da dor e do estresse”, de acordo com matéria publicada em O Globo.

Além disso, para realizar a sua revisão, os pesquisadores analisaram 47 ensaios clínicos feitos até junho de 2013, com 3.515 participantes, envolvendo meditação e vários problemas de saúde física e mental, incluindo depressão, ansiedade, estresse, insônia, uso de drogas, diabetes, doenças cardíacas, câncer e dor crônica. E as descobertas não poderiam ter sido melhores. Eles acabaram por encontrar evidências de melhora nos sintomas de ansiedade, depressão e dor depois que os participantes foram submetidos a um programa de treinamento de oito semanas em meditação mindfulness. As melhoras foram moderadas, mas já demonstram um avanço. Vale ressaltar, no entanto, que a meditação, em si, não é apresentada como uma panaceia, em substituição a medicamentos usados em casos mais graves. O ideal, nestes contextos, é usá-la como auxiliar ao tratamento médico e/ou terapêutico.

De acordo com o pesquisador Madhav Goyal, “muita gente tem a ideia de que meditar significa sentar sem fazer nada, mas não é verdade. Meditação é um treinamento ativo da mente para melhorar atenção e há diferentes programas com approachs variados”, disse ao Globo.

Ainda de acordo com o periódico, a meditação Mindfulness, o tipo que se mostrou mais promissor, é normalmente praticada por 30 a 40 minutos por dia e enfatiza a aceitação dos sentimentos e pensamentos, do momento presente sem julgamento, além do relaxamento do corpo e da mente. O estudo foi publicado na revista “JAMA”.

Mais sobre a meditação

Alguns dos mais proeminentes mestres budistas, de diferentes escolas, destacam que os efeitos positivos da meditação sobre a saúde física e mental, na verdade, são um subproduto da prática. De acordo com Chogyam Trungpa, do Budismo Tibetano, “a meditação não é uma prática para tentar atingir o êxtase, bem-aventurança espiritual, ou tranquilidade, nem é a tentativa de se tornar uma pessoa melhor. É simplesmente a criação de um espaço em que somos capazes de expor e desfazer os nossos jogos neuróticos, dos nossos autoenganos, nossos medos e esperanças escondidas”.

Para o mestre zen budista Thich Nhat Hanh “o objetivo da meditação é ajudar o praticante a chegar a uma compreensão profunda da realidade. Esta introspecção tem a capacidade de libertar-nos do medo, da ansiedade e da depressão. Pode produzir compreensão e compaixão, pode elevar a qualidade de vida e trazer liberdade, paz e alegria para nós mesmos e para as pessoas ao nosso redor”.

Ainda de acordo com Thich Nhat Han, a meditação sentada é a forma mais comum de meditação, mas também “podemos praticá-la em outras posições como caminhando, em pé ou deitados. Quando lavamos roupa, cortamos lenha, regamos as plantas ou dirigimos o carro – onde quer que estejamos, o que quer que façamos, seja qual for a posição de nosso corpo, se as energias da mente alerta, da concentração e da introspecção estiverem presentes em nossa mente, em nosso corpo, então estamos praticando a meditação. Viver em sociedade, ir ao trabalho todo dia, cuidar de nossa família também são oportunidades de praticarmos a meditação. A meditação tem o efeito de nutrir e curar o corpo e a mente. E devolve ao praticante e às pessoas que o cercam a alegria de viver”, pontuou em um de seus livros.

Mindfulness

Especificamente sobre a prática de mindfulness, a proposta é delimitar uma nova forma de interação com qualquer coisa que aconteça na vida do praticante, que passa a encarar estas dinâmicas de maneira mais consciente, aberta e gentil.  “A abordagem mindfulness é baseada na aceitação da nossa experiência e não na reação a experiência em si. Aceitando as condições naturais da vida criamos a habilidade de responder a essas condições de maneira mais criativa e funcional. Para fazermos isso precisamos aprender a estar conscientes (mindful) e atentos as nossas respostas e reações que é o que propões os treinamentos em mindfulness”, diz a apresentação do projeto Iniciativa Mindfulness, que conta com o apoio da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Ainda de acordo com este projeto, sendo um treinamento que integra mente-corpo, o mindfulness permite que as pessoas mudem a maneira que elas experienciam seu dia a dia, transformando a maneira que elas pensam e sentem sobre as próprias experiências. “A prática em si exige disciplina e perseverança, especialmente no mundo de hoje onde a impressão que se tem é que é difícil tempo para qualquer coisa. Com a velocidade do mundo atual estamos cada vez desconectados de si mesmos, cheios de tarefas, obrigações, responsabilidades e pressões. Todas essas características do mundo atual levam as pessoas a um constante sentimento de opressão característico do considerado mal do século atual. […] O treinamento em mindfulness propõe uma volta a si mesmo, aumentando a consciência e atenção aos nossos atos, mudando a maneira como agimos, vivemos e nos relacionamos”, destaca o informativo do projeto.

Por fim, o propósito da meditação mindfulness é libertar os praticantes dos padrões de respostas automáticas que são produzidos em decorrência da falta de atenção plena. Com a prática, “ficamos mais atentos e conscientes dos hábitos que determinam nossa maneira de se comportar e de se relacionar com o mundo”.

(Fonte: Iniciativa Mindfulness)

Em Palmas há espaços e grupos organizados que, de forma integral ou parcial, desenvolvem atividades de meditação com abordagens iguais as apresentadas pela dinâmica de Mindfulness. Confira:

– Brahma Kumaris Palmas (fones: 8101-5127/3215-5960 Adriana Mioto)

– Luare Instituto de Yoga (fones: 8123-2406/9236-9549 Márcia Ayroza)

– Instituto Maitri Yoga – Acro Yoga e Tai Chi (fone: 9937-6178 Douglas Erson)

– Isilda Sales Yoga (fone: 8120-4807)

– Sheyla Baraki Yoga (fones: 8131-0503/8409-2336)

– Zen Budismo Palmas (fone: 8112-9265 Sonielson Sousa)

Referências:

Meditação tem resultado similar aos dos remédios para ansiedade e depressão. Acesso em 23/07/2015.

Meditação ajuda a proteger o cérebro de doenças psiquiátricas, diz estudo. Acesso em 26/06/2014.

Projeto Iniciativa Mindfulness. Acesso em 23/07/2015.

Meditação tem resultado similar aos dos remédios para ansiedade e depressão. Acesso em 23/07/2015;

Meditação altera fisicamente o cérebro. Acesso em 23/07/2015;

Pesquisa do Albert Einstein comprova que meditação faz bem a saúde. Acesso em 23/07/2015.

Psicólogo. Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT). Pós-graduado em Docência Universitária, Comunicação e Novas Tecnologias (UNITINS) e em Psicologia Analítica (UNYLEYA-DF). Filósofo, pela Universidade Católica de Brasília. Bacharel em Comunicação Social (CEULP/ULBRA), com enfoque em Jornalismo Cultural; é editor do jornal e site O GIRASSOL, Coordenador Editorial do Portal (En)Cena.