Respeito ao cadáver
“Ao curvares, com a lâmina rija do teu bisturi, sobre o cadáver desconhecido, lembra-te de que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela e esperança daquela que, em seu seio o agasalhou.
Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens, por certo amou e foi amado, esperou e acalentou uma manhã feliz, e sentiu saudades dos outros que partiram; e agora faz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse um ma único beijo de despedida, sem que tivesse uma só prece.
Seu nome, só Deus sabe, mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente...”
(Rokitansky, 1876)