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Oficina possibilita troca de experiências no Cantão

Consideradas de grande relevância para o desenvolvimento do turismo no Parque Estadual do Cantão, as oficinas (abertas) de Ecoturismo e Técnica do Pró-Cantão – Projeto TFCA/Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade), que aconteceram entre os dias 29 e 1º de julho, na sede do Parque, em Caseara, reuniu especialistas nas áreas de ecoturismo e pesquisa. Na ocasião os participantes puderam compartilhar suas experiências de gestão em diversos segmentos e locais distintos entre si. Dentre eles, os projetos e trabalhos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, no Amazonas; o Parque de Valles Calderas, em Novo México (EUA); e o Parque Nacional de Manu, no Peru. Os diálogos subsidiarão os gestores e comunidade local para a abertura ao uso público do Parque Cantão, previsto para junho de 2013.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (AM)

O turismólogo Rodrigo Osório relatou como foi a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, no estado do Amazonas, destacando o Projeto de Manejo Sustentável do Pirarucu (Arapaima Gigas) e como ele culminou na instalação de um hotel flutuante denominado Pousada Uacari, criada para gerar renda através do ecoturismo e da venda de artesanato produzido pelas famílias que compões as sete comunidades envolvidas no projeto. Segundo Osório, atualmente esta reserva é referência mundial no segmento de Turismo de Base Comunitária e Ecoturismo, sendo destaque em revistas de renome mundial e agências de turismo especializadas. “A pousada Uacari já está em pleno funcionamento há 10 anos e hoje consegue ter um gerenciamento eficiente do lucro obtido com o ecoturismo, sendo que os recursos provenientes do lucro gerado são atualmente divididos entre o pagamento da guarda ambiental e o depósito em um fundo para capacitação e melhoramento das comunidades, sendo que este somente é manejado conforme apresentação de um projeto sólido que a comunidade apresenta ao conselho deliberativo instalado pelas sete associações de moradores/ribeirinhos que compõem a Reserva de Mamirauá”, explicou.

Rodrigo destacou ainda que para sucesso desse tipo de empreendimento, o desenvolvimento do ecoturismo e do ecoturismo de base comunitária tem que promover os três principais aspectos que despertam o interesse do visitante: a vida selvagem, cultura, pesquisa e conservação. “O Parque Estadual do Cantão tem o potencial necessário para atingir o nível ideal para este segmento, já que consegue abranger esses elementos”, frisou Osório, que viu ainda como ponto positivo a iniciativa do Naturatins, do Instituto Araguaia e Onça-D'água em buscar uma oficina como essa para o desenvolvimento do ecoturismo no Parque do Cantão.

Parque de Valles Calderas (EUA)

A pesquisadora Melissa Savage, do Parque de Valles Calderas, localizado na cidade de Santa Fé no estado de New México (EUA), detalhou como é o funcionamento da reserva, que atualmente é sustentada pela promoção de pesquisas ambientais da fauna e flora local, e também pela contribuição dos grupos de caçadores e pecuaristas da região, que ao longo dos anos buscaram um balanço entre suas atividades e a preservação do parque.

Dentre as abordagens, Savage também ressaltou o manejo do gado no interior do parque. Segundo ela, foi uma longa discussão de negociação feita com os representantes do setor ao longo dos anos, e que atualmente se converteu em recursos para a manutenção das pesquisas realizadas no parque, já que os proprietários pagam taxas para que seja permitido o pastoreio nas pastagens de Valles Calderas.

Ao ser questionada pelos participantes da oficina de como é feito o processo para caça em New Mexico, Savage explicou que, para a abertura de temporada de caça, existe um sorteio entre os grupos pré-estabelecidos para que algum possa naquele ano realizar a caça, além do pagamento de taxas para a inscrição e manutenção das licenças.

Na ocasião, Savage apontou as dificuldades observadas durante a visita ao Parque do Cantão, dentre elas a pesca predatória, como algo semelhante à cultura cowboy do pastoreio de gado no estado onde reside. “O fato do PEC ter a riqueza de atrativos, uma área gigantesca e um ecossistema tão exuberante é algo que tem que ser trabalhado em constante parceria com as colônias de pescadores e as comunidades locais para que o impacto das atividades exploratórias seja diminuído ao longo dos anos”, disse.

A especialista também enfatizou a qualidade desta oficina, realizada para promover o ecoturismo e a participação efetiva de todos os ouvintes através de perguntas e questionamentos, o que demonstra a vontade de todos em fazer dar certo a atividade no Cantão.

Parque Nacional de Manu (Peru)

Para encerrar a oficina, o doutor Robert Williams, da Sociedade de Zoologia de Frankfurt, iniciou sua apresentação contando a história das ariranhas desde a colonização espanhola no Peru até quase sua completa extinção, na década de 70. Através de uma linha do tempo, Robert ilustrou o início do projeto “Lobo de Rio”, da Sociedade de Zoologia de Frankfurt, no início da década de 1990 no Parque Nacional de Manu, localizado próximo à cidade de Cuzco, em Madre de Dios. Segundo ele, a região é composta por 140 lagos e, destes, apenas 40 são grandes o suficiente para abrigar as famílias de ariranhas. Desse modo, o PN de Manu tornou-se um ambiente propício para a concentração de várias espécies de animais como araras, onças, primatas, entre outros típicos da Amazônia, o que lhe concede o título de parque com a maior biodiversidade do mundo.

Segundo Williams, o turismo já é a segunda maior fonte de renda do Peru e a região do PN de Manu tornou-se uma das áreas mais apropriadas para a visitação do ecoturista. Com isso, conseguem atrair para a região de mais de 45 mil visitantes por ano, o que é altamente rentável, trazendo enormes resultados para a administração do Parque Nacional de Manu.

Com o relato da experiência na área de pesquisa, aliada ao ecoturismo, Robert fez um comparativo de sua reserva no Peru com a situação atual do Parque do Jalapão e declarou que um dos pontos positivos é a criação de projetos e oficinas que conscientizem a população local da importância da preservação da riqueza da biodiversidade do PEC. “Como ainda está no início do desenvolvimento do ecoturismo na região, pode-se começar da forma correta e sustentável, uma vez que existem exemplos concretos de se fazer isso e assim evitar erros desnecessários, ainda mais com a excelente participação dos presentes e o engajamento de todos durante todas as atividades e palestras da Oficina de Ecoturismo”, relatou Robert.

Parque do Jalapão (Tocantins)

Convidada para o evento, a bióloga do Parque Estadual do Jalapão, Rejane Ferreira, fez uma apresentação detalhada sobre a geografia, fauna e flora do PEJ e também um demonstrativo através de imagens sobre a cultura, artesanato e a população jalapoeira. Os atrativos turísticos no parque e nas Áreas de Proteção Ambiental – APA, a Estação Ecológica e Parque Nacional, bem como as ações da equipe do parque em parceria com as comunidades, quilombolas, artesãos, prefeitura, ICMBIO e IBAMA foram também expostas durante a apresentação.

Na oportunidade, o presidente da Adtur - Agência de Desenvolvimento Turístico do Tocantins, Lúcio Flavo Adorno, e o subsecretário da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Mário Bezerra Guimarães, ressaltaram a importância de oficinas e iniciativas como essa para o desenvolvimento do ecoturismo no Estado do Tocantins, e que o Naturatins, juntamente, com as outras instituições parceiras, está de parabéns por esse novo projeto de transformar o Parque do Cantão em um local de visitação consciente e sustentável para o desenvolvimento turístico e a pesquisa cientifica.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável: http://www.gesto.to.gov.br/noticias/noticia/2012/7/3/oficina-possibilita-troca-de-experiencias-no-cantao/

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