CONVÊNIO N° 01.06.0378.00/2006 ESTRUTURANTE/FINEP/SECT
O projeto de “Desenvolvimento Sustentável no Parque Estadual do Cantão e Entorno” será regido pelo princípio da sustentabilidade. Isto quer dizer que, desenvolvimento sustentável passa pela satisfação das necessidades básicas das pessoas, pelo entendimento do ambiente que exploram, pelo entendimento da capacidade de suporte de exploração dos recursos naturais e pelo entendimento da capacidade de renovação desses recursos no ambiente onde vivem.
Para proteger o meio se faz necessário a participação dos habitantes que usam os recursos naturais. Precisa-se conhecer as práticas dos moradores da região para poder reorientá-las, se necessário. No desenvolvimento econômico sustentável deve considerar a realidade local e as necessidades particulares das comunidades.
A ampliação e aplicação do conhecimento científico, nas áreas biológicas e sociais, são necessárias para promover a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais. Assim, o papel da pesquisa científica, é criar uma base consistente para desenhar e executar projetos de conservação ambiental.
O Parque Estadual do Cantão (PEC), o primeiro do Estado do Tocantins, encontra-se na região centro-oeste do Estado, a uma distância de 260 km de Palmas. O Parque está situado ao norte da Ilha do Bananal, limite com o Parque Nacional do Araguaia, formando assim um conjunto de unidades de conservação com mais de 700.000 ha. A área do PEC situa-se entre os rios Araguaia, Javaés e Coco.
A significância do Parque baseia-se fundamentalmente em quatro pontos principais: sua riqueza biológica, seu bom estado de preservação, sua função como recurso crítico para a alimentação e reprodução de populações de peixe do médio Araguaia e pela facilidade de acesso ao local.
Bioma
Pela riqueza de sua biota, tanto em termos de diversidade quanto pelas populações de várias espécies em vias de extinção, o PEC é uma das áreas protegidas mais importantes e, ao mesmo tempo, das mais facilmente acessíveis da Amazônia brasileira. A riqueza biológica deve-se ao fato de ser o Cantão formado como um delta interior do Rio Javaés, com mais de 800 lagos e canais, formando um ecótono complexo com elementos da Floresta Amazônica, do Cerrado, do Pantanal e da Mata Atlântica.
O Parque é relativamente bem preservado, com somente 8% de sua área degradada pela ação do homem e funciona como recurso crítico para a alimentação e reprodução dos peixes do médio Araguaia. A dinâmica natural do Cantão é fortemente condicionada pelas enchentes anuais que fazem o nível das águas variar entre 5 e 7 metros entre o período de cheia (Outubro a Abril) e o período de seca (Maio a Setembro). As enchentes regem toda a vida do PEC e é a base de sua grande diversidade e produtividade.
A área do Parque é composta por 6 tipos de comunidades distintas, sendo elas as ilhas do Araguaia, os varjões, as águas interiores, a floresta sazonalmente alagada, a floresta estacional semidecidual e as áreas degradadas. Cada uma das comunidades tem características, ameaças, potenciais, graus de fragilidade e capacidade de resistência diferentes; portanto, requer um manejo diferenciado e específico.
As áreas de maior influência sobre o PEC têm dois componentes principais — as terras e águas que confrontam o Parque (a área de influência direta) e as bacias dos rios Javaés e Formoso, que produzem a maioria das águas que banham o Parque (a área de influência indireta). A Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Bananal – Cantão inclui a área de influência direta do Parque, mas não a área de influência indireta.
A área de influência direta do PEC é dominada pelo povoado de Caseara (TO) e Barreira dos Campos (PA) no norte; fazendas ao leste às margens do rio do Coco (TO) e a oeste às margens do rio Araguaia (PA); e ao sul o Parque Nacional do Araguaia.
A população dos povoados de Caseara e Barreira dos Campos se caracteriza por um alto índice de pobreza e são carentes de muitos serviços básicos. As atividades econômicas predominantes são a agricultura, o comércio e a pesca. As fazendas do entorno são de tamanho médio e grande. Atualmente se dedicam a atividades agropecuárias, ainda que tenham potencial para participar de forma substancial no desenvolvimento do ecoturismo.
As áreas de influência indireta do PEC são dominadas pelos projetos, atuais e planejados, de agricultura intensiva de irrigação nas bacias dos rios Javaés e Formoso.
As ameaças ao PEC em curto prazo, as queimadas anuais na seção norte do Parque e a pesca e caça indiscriminada vêm da área de influência direta. As ameaças ao PEC em médio prazo são o turismo descontrolado e a destruição do habitat que serve como refúgio para a fauna terrestre durante as enchentes grandes. Os turistas que vêm ao PEC são principalmente da região, mesmo que a destruição do habitat crítico para a fauna terrestre se concentre nas fazendas da margem leste do rio do Coco. As ameaças a longo prazo, a poluição e sedimentação das águas que passam pelo Parque e a alteração do ciclo das enchentes são produzidas nas bacias a montante e são as mais difíceis de mitigar. Os projetos de agricultura intensiva de irrigação nas bacias dos rios Formoso e Javaés e o projeto Hidrovia proposto para o rio Araguaia são particularmente preocupantes nesse sentido.
Incrementar a efetividade da proteção da biodiversidade através de um manejo sustentável. Os recursos naturais da região oferecem potencial para o desenvolvimento do ecoturismo como complemento importante do desenvolvimento sustentável regional.
Veja a Produção Científica do projeto.