ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DAS PARASITOSES INTESTINAIS EMPRÉ-ESCOLARES RESIDENTES NO OESTE DA BAHIA, BRASIL
Resumo
As parasitoses intestinais se configuram como um grave problema de saúde pública, sendo frequentes em populações que se encontram em condições de vulnerabilidade como crianças em idade escolar e pré-escolar, principalmente em áreas carentes de saneamento básico. A presença de parasitas intestinais pode gerar quadros desde assintomáticos a diarreicos com presença de cólicas, colites e desnutrição. Apesar de sua magnitude, são doenças negligenciadas pelo poder público, sendo que a realização de estudos locais é de grande relevância por fornecerem subsídios para as tomadas de decisões públicas. Objetivos: Analisar a prevalência e a etiologia das parasitoses intestinais, relacionando com os fatores de risco socioambientais, econômicos e com o estado nutricional de crianças frequentadoras de uma creche pública localizada no Oeste da Bahia. Metodologia: Procedeu-se a um estudo de corte transversal envolvendo 29 crianças de 0 a 4 anos de idade, com realização do exame coproparasitológico em laboratório vinculado à Secretaria Municipal de Saúde; parceria firmada previamente. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada aos familiares das crianças abordando os fatores de risco socioambientais e econômicos, as características demográficas e os hábitos de saúde das crianças, e para avaliação nutricional foram realizadas as medidas antropométricas das crianças. Seguiu-se à tabulação e análise dos resultados, sendo que o estudo se iniciou após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Oeste da Bahia. Resultados e Conclusão: Verificou-se uma prevalência significante de parasitoses intestinais (37,9%), sendo que Giardia lamblia (41,2%), Entamoeba coli (23,5%) e Entamoeba histolytica (17,6%) foram os parasitos mais frequentemente encontrados. A ausência de saneamento básico (72,2%); sem fornecimento de água potável e sem coleta e tratamento de esgoto; e a presença de hábitos como não realizar visitas pediátricas (58,3%) e andar descalços (61,1%), assim como o predomínio (83,3%) de uma renda domiciliar inferior a um salário mínimo foram os fatores de risco significantes encontrados associados ao desenvolvimento de parasitoses intestinais entre as crianças. Com relação ao estado nutricional, a maioria das crianças parasitadas (72,7%) apresentou-se eutróficas, 18,2% delas apresentaram sobrepeso, sendo que encontramos 6,2% das crianças não parasitadas com baixo peso. A taxa significante de prevalência das parasitoses intestinais, a alta frequência de giardíase; parasita patogênico e de veiculação hídrica; e a análise dos fatores de risco refletiram a necessidade da implantação de políticas públicas que visem a melhoria das condições de saúde, econômicas e de infraestrutura, alicerçadas no saneamento básico, no fortalecimento da economia e da educação em saúde na região.