O governador Sérgio Cabral liderou na segunda-feira, ao lado da atriz Fernanda Montenegro e do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a marcha em defesa da manutenção do modelo de partilha dos royalties do petróleo, que reuniu cerca de 200 mil pessoas e foi marcada pela união de artistas, políticos, funcionários públicos e esportistas.
Logo após a caminhada chegar à Cinelândia, Cabral e Casagrande concederam uma entrevista coletiva para a imprensa no auditório da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Segundo o governador fluminense, o encontro foi mais uma prova de que o Rio, como estado de vanguarda, atua na defesa do princípio democrático. “Este estado, que liderou a campanha pela criação da Petrobras, pela campanha contra a ditadura, anistia, diretas já, eleição de Tancredo Neves e impeachment do Collor, mais uma vez manifesta a defesa dos seus direitos junto com os estados do Espírito Santo e São Paulo. Nosso recado tem princípios, pois nossa conta é grave, as perdas comprometem nosso futuro”, enalteceu o governador.
Cabral disse que o recado está claro: “Estamos pedindo à presidente Dilma que vete os pontos que atrapalham nosso estado, e temos certeza que ela vai atender o Rio de Janeiro”, disse o governador.
De acordo com o governador Casagrande, a manifestação foi insuperável. “Este ato é carregado de confiança, uma demonstração de apoio à presidente que já se comprometeu com o veto”, realçou.
Entre os presentes na passeata estavam o prefeito eleito de Niterói, Rodrigo Neves, os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Lindbergh Farias (PT-RJ), o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, o presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB) e o prefeito eleito de São Gonçalo, Neilton Mulim. “A passeata foi uma demonstração de união e de entendimento do Estado do Rio de Janeiro quanto à reivindicação dos royalties”, avaliou Rodrigo Neves, que disse não ter dúvidas de que a presidente Dilma Rousseff irá vetar o texto original.
Rodrigo enfatizou que Niterói perderia, só em 2013, R$ 35 milhões. “Isso prejudica muito a capacidade de investimento da cidade, sobretudo, nesse início de um novo governo, onde observamos dificuldades grandes do ponto de vista orçamentário, e ainda a necessidade de fazer investimentos na saúde e na infraestrutura”, ponderou Rodrigo.
No palco, o governador Sérgio Cabral agradeceu a presença da atriz Fernanda Montenegro, que representou a classe artística. O ginasta Diego Hypolito, juntamente com atletas do vôlei e do futebol, como o meio-campo tricolor Deco e o lateral Leonardo Moura, do Flamengo, também estiveram presentes.
Maricá leva 250 ao Rio
Entre os municípios que compareceram à manifestação, na segunda-feira, no Centro do Rio, Maricá participou com aproximadamente 250 pessoas, que lotaram cinco ônibus e acompanharam a passeata desde o início, na Avenida Presidente Vargas.
A forte presença está relacionada ao temor das perdas que a nova legislação vai impor em um momento estratégico para o município, que apresenta taxas de crescimento altas e precisa do capital para sustentar os investimentos em contrapartidas capazes de conduzir a transformação de forma sustentável.
Representando o prefeito Washington Quaquá, que se encontra em missão oficial na Europa, o vice-prefeito Marcos Ribeiro estava entre os convidados, e foi enfático na defesa dos interesses da cidade. “O que está acontecendo é uma forma de redistribuição de riqueza proveniente do petróleo que fere todos os contratos assinados, e o pior, rasga de forma absurda os preceitos federativos do país”, avaliou Marcos Ribeiro. “Nós, de Maricá e de muitos outros municípios, estamos aqui na Cinelândia mobilizados para lutar porque as consequências desse ato de verdadeira rapina do nosso dinheiro são fáceis de se imaginar”, acrescentou. “Nada mais vai funcionar, caso se confirme este roubo. Se é para mudar as regras, melhor seria rediscutir a própria função de toda a nossa federação”, completou o vice-prefeito.
Pelas normas atuais, a cidade de Maricá recebe entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões mensais, em média, a título de repasse. Com as alterações aprovadas dentro do substitutivo Vital do Rêgo, o valor do repasse de royalties do petróleo cairá para perto de R$ 3 milhões mensais em 2013, quando o índice para os municípios produtores será reduzido de 26% para 15%, chegando a apenas R$ 760 mil em 2020 (quando o repasse for de 4%).
‘Qual é a compensação pelos danos ambientais?’
Ao lado de diversos músicos, personalidades exponenciais e políticos das mais variadas alas e segmentos, o prefeito eleito de São Gonçalo Neilton Mulim (PR) participou da passeata pelos royalties, na Cinelândia. “Na verdade, se a presidente Dilma não vetar esse projeto, o Rio de Janeiro vai perder mais de R$ 4 bilhões em um ano, chegando a perder cerca de R$ 80 bilhões até 2020, e isso representa uma grande preocupação. Creio que a presidente vai ter sensibilidade de entender a importância desse gesto para o nosso estado, e entender que nós, como estado produtor de petróleo, temos os danos ambientais causados pela extração. E aí, qual é a compensação disso?”, indagou Mulim.
Fonte: Jornal O Fluminense
