A professora Thaís Moura Monteiro, do Curso de Psicologia do CEULP defendeu, no dia 14 de setembro, sua dissertação “Nós passamos por uns maus bocados”: análise das narrativas do trabalho dos serv(i)dores públicos federais no programa de Mestrado em Comunicação e Sociedade na Universidade Federal do Tocantins (UFT). A banca foi composta pela orientadora da pesquisa Profa. Dra. Liliam Deisy Ghizoni (UFT), Profa. Dra. Ana Magnólia Mendes (UnB), Profa. Dra. Amanda Maurício Pereira Leite (UFT), Prof. Dr. Fernando de Oliveira Vieira (UFF).
Thais Moura Monteiro durante a sua defesa. Foto: Arquivo Pessoal
A pesquisa:
A dissertação apresenta uma análise das narrativas dos servidores de uma instituição pública federal de Palmas – TO que vivenciaram situações de assédio moral no trabalho, assim denominado por eles. O aporte teórico centra-se na Psicodinâmica do Trabalho, sendo que o método é embasado em Mendes e Araujo (2012) e Mendes (2014), o qual propõe a escuta clínica do sofrimento dos trabalhadores. Os instrumentos utilizados foram a gravação em áudio das narrativas nas sessões, o diário de campo, o quadro síntese e o memorial. Estes materiais foram submetidos à Etapa II (Análise da Psicodinâmica do Trabalho) e à Etapa III (Análise da Mobilização do Coletivo de Trabalho) da técnica da Análise Clínica do Trabalho.
A partir do uso dos dispositivos clínicos (análise da demanda, transferência e interpretação) sugeridos pelo método, foi possível compreender a realidade vivenciada pelos servidores públicos, à medida que a constituição do espaço de discussão permitiu que as práticas da organização do trabalho e dos relacionamentos interpessoais fossem (re)pensadas, fortalecendo, assim, os vínculos e os afetos do coletivo. O grupo foi composto por onze trabalhadores, dentre eles sete do sexo masculino e quatro do sexo feminino, com idade variando entre 23 e 60 anos. A partir da escuta clínica do trabalho realizada, foi possível observar que os servidores se fortaleceram diante dos impactos promovidos pelo assédio moral e reconheceram os avanços que tiveram na comunicação entre os pares da sede, legitimando a importância de constituir outro espaço público de discussão assim que a escuta clínica fosse encerrada.
Sobre os desafios, pontuaram que ainda precisam melhorar o ambiente de trabalho e o relacionamento com os servidores que trabalham no interior, pois narraram ter sido uma pena eles não poderem participar da escuta clínica, por questões de logística. Foi possível concluir que a organização do trabalho na administração pública deve considerar os trabalhadores para além daqueles que cumprem as regras, executam as funções com êxito, entre outros, mas, sobretudo, um sujeito que tem voz, desejos, afetos e criatividade.
Thais Moura Monteiro no final de sua defesa. Foto: Arquivo Pessoal
Thaís Moura Monteiro é docente do curso de Psicologia e presidente da Comissão Própria de Avaliação (CPA) do Centro Universitário Luterano de Palmas. Mestre em Comunicação e Sociedade pela Universidade Federal do Tocantins (2018). Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (2016) e Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela Faculdade ITOP (2017). É membro do Grupo de Pesquisa do CNPq Trabalho e Emancipação: Coletivo de Pesquisa e Extensão na Universidade Federal do Tocantins, liderado pela Professora Doutora Liliam Deisy Ghizoni. Atualmente ministra as disciplinas de Psicologia do Trabalho, Saúde Mental e Trabalho, Ética e Legislação em Psicologia, Estágio Básico II e Psicologia do Relacionamento Profissional.