CAOS: é preciso falar sobre suicídio e automutilação

O minicurso faz parte da programação do CAOS

Por Joice Reitz - Acadêmica de Psicologia do Ceulp – Palmas-TO
25/08/2017 • Atualizado em 25/08/2017 16:47

No dia 22 de agosto de 2017, ocorreu no Ceulp/Ulbra o minicurso “Prevenção ao Suicídio e Automutilação” ministrado pela psicóloga clínica e da saúde comunitária do NASF Krahô, Thaydja Rhalline L. Campos e pelo psicólogo, coordenador do Observatório de Violência e do NUPAV, André Felipe Lopes S. A. Araújo. A primeira abordou a conceituação de suicídio e automutilação, alguns sinais e fatores de risco e algumas formas de prevenção. O segundo apresentou alguns dados estatísticos no Brasil.

Inicialmente, Thaydja diz que “o psicólogo não dá conta do suicídio sozinho. É um trabalho em rede”, enfatizando a necessidade em se acionar uma rede de apoio para cuidar de quem está com ideação suicida, que é uma pessoa que “não quer acabar com a vida, mas com o sofrimento”, segundo Thaydja. Essa rede de apoio engloba os diversos profissionais da saúde e também a família, da qual o paciente irá escolher alguém de confiança para ser um ponto de acesso a ele. Em casos de conflitos familiares, o psicólogo deve procurar sensibilizar a família e, caso necessário, procurar uma instância maior para a proteção do indivíduo.

Segundo Thaydja, falar sobre suicídio (morte intencional autoinfligida) e automutilação (ato de se machucar intencionalmente, de forma superficial, moderada ou profunda) ainda é um tabu muito grande, mas isso deve ser quebrado, pois “falar sobre suicídio é uma das poucas formas de prevení-lo”, uma vez que a informação leva a transformação e os indivíduos nessa situação podem entender que não estão sozinhos, que há uma solução melhor que tirar a própria vida.

Thaydja informa que 90% das pessoas que cometem suicídio apresentam transtornos mentais, mas 98% das pessoas que possuem transtornos mentais não cometem suicídio, ou seja, o T.M. em si não é a causa, mas está presente. Não há causas preestabelecidas para o suicídio, isso depende da história de cada um e de seus vários pontos de fragilidade. A associação entre dois ou mais fatores aumentam o risco (Exemplo: depressão + alcoolismo).

A psicóloga explica que o suicídio se dá em três fases, sendo a primeira a ideação, na qual a pessoa dá avisos sutis, dizendo, por exemplo, que não tem mais sentido em sua vida, que gostaria de morrer, passando a organizar e planejar a forma de se matar. A segunda fase é o intento, onde ocorre a tentativa de tirar a própria vida, podendo falhar ou levar a terceira fase que é o suicídio com êxito.

Alguns sinais e fatores de risco se dão por condições clínicas incapacitantes, como dor crônica, por condições psicológicas, como problemas familiares intensos, por condições sociodemográficas, como estar desempregado e por transtornos mentais. Thaydja enfatiza que o psicólogo precisa estar atento a esses fatores de risco e aos sinais que o indivíduo transmite.

Como formas de prevenção, ela diz que se deve impedir o acesso aos meios para cometer suicídio, como armas, facas, cordas e medicamentos, realizar vigilância 24 horas, não deixando a pessoa sozinha sob hipótese alguma, sempre procurar atendimento nos serviços de saúde e alguém de confiança deve ficar responsável por dar a medicação na dose e horário corretos, deixando inacessível ao indivíduo. Thaydja também apresenta maneiras que não se deve reagir, como ignorar a situação, ficar chocado ou em pânico com os relatos do indivíduo, falar que vai ficar tudo bem sem agir para tal, desafiar a pessoa a cometer suicídio, fazer o problema parecer sem importância, dar falsas garantias, jurar segredo, deixar a pessoa sozinha e compará-la com outras pessoas.

Em seguida, André apresentou dados mostrando que, no Brasil, a própria casa é o cenário mais frequente de suicídios (61%) seguida pelos hospitais (26%). Os principais meios são enforcamento (47%), armas de fogo (19%) e envenenamento (14%). Em 2016, 71,3% das tentativas de suicídio notificadas se deram entre as idades de 15 a 29 anos. O número de óbitos por suicídio no Brasil cresceu 33,5% desde 2008. Do total de óbitos registrados, 1% é decorrente de suicídio.

Eles finalizam o minicurso com a frase: “não é drama, não é para chamar atenção, nem é falta de Deus e muito menos frescura”, deixando claro que é necessário que haja informação e debates sobre o assunto, e que qualquer sinal sobre suicídio deve ser levado a sério.

 

O Congresso

A edição de 2017 do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS, tem como tema “As Faces da Violência – Psicologia, Mídia e Sociedade”. Será uma semana para refletir sobre o exercício da psicologia nos mais diversos campos de atuação, frente as mais diversas formas de expressão da violência, para além das fronteiras da saúde, da segurança pública e das ciências humanas. O tema se configura como objeto perene de investigação científica e profissional, sobretudo na Psicologia, com foco na emancipação das subjetividades.

 

Serviço:

O que: Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia 

Quando: 21 a 25 de agosto de 2017
Onde: Auditório Central do Ceulp/Ulbra
Realização: Curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra
Apoio: Conselho Regional de Psicologia – CRP-23, Prefeitura de Palmas, Jornal O Girassol, Psicotestes, GM Turismo, Coordenação de Extensão do Ceulp/Ulbra, Coordenação de Pesquisa do Ceulp/Ulbra.

 

Mais informações:

Coordenação de Psicologia: Irenides Teixeira (63) 999943446
Assessoria do Ceulp/Ulbra: 3219 8029/ 3219 8100
Programação e Inscrições: http://ulbra-to.br/caos/


Notícias do Evento: http://encenasaudemental.net/mural

 

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