No dia 26 de abril de 2019, foi realizado na Aldeia Salto em Tocantínia, o projeto “Criança Feliz – Atenção à Primeira Infância e às Populações de maior vulnerabilidade”, que teve como intuito, promover ações direcionadas à prevenção de problemas que costumam ocorrer durante a primeira infância.
O projeto de intervenção é vinculado a disciplina de Saúde da Criança e do Adolescente, ministrada pelo professora Margareth Santos de Amorim, que também foi responsável por coordenar a ação realizada pelos acadêmicos do curso de enfermagem do Centro Universitário Luterano de Palmas - Ceulp/Ulbra.
A atividade foi executada com as crianças indígenas xerentes de 0 a 5 anos na Aldeia Salto, no município de Tocantínia, por considerar as condições de vulnerabilidade presentes no cotidiano de seus moradores.
A intenção da proposta ao inserir o acadêmico nesta realidade, foi promover um contato mais próximo da teoria aprendida durante as aulas, com a prática que fará parte do cotidiano profissional dos acadêmicos.
A professora Margareth conta que a ideia para a realização do projeto, surgiu a partir de discussões realizadas em sala de aula acerca da Política de Atenção Integral a Saúde da Criança, e que dentro dessa política tem um programa de estratégia específica que se chama AIDPI - Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância, que permite que profissionais de enfermagem atuem junto à comunidade indígena na avaliação, identificação e tratamento da criança indígena.
“O enfermeiro que trabalha junto a população indígena pode executar essa estratégia. E discutindo sobre isso, como eu trabalhei também na área, decidi levar os alunos para executarem essas ações, levando em consideração também que são populações mais vulneráveis no que se refere às doenças prevalentes da infância”.
Participaram da ação cerca de 35 alunos, sendo que doze eram da disciplina Saúde Coletiva ministrada pelo professora Ruth Bernardes de Lima.
Margareth conta que as vagas para participar da ação foram bem disputadas entre os alunos das disciplinas de Saúde da Criança e do Adolescente e Saúde Coletiva. De acordo com a ela, todas as ações previstas no projeto foram realizadas. Contudo, apesar de estarem presentes 60 crianças na Aldeia, foram atendidas apenas 35 crianças que se encontravam na faixa etária de 0 a 5 anos.
A docente relata que os alunos foram bem recebidos tanto pelas crianças quanto pelos adultos. Dentre as atividades executadas foram realizadas avaliação e registro de peso e estatura, Índice de Massa Corporal (IMC) e registro nas cadernetas de saúde. Com o intuito de chamar a atenção das crianças, algumas das ações envolveram atividades lúdicas como a temática sobre alimentação saudável e higienização. As mães também participaram de palestras sobre amamentação e alimentação complementar.
O resultado das avaliações realizadas serão anexadas em relatório e enviadas para o Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI do Tocantins.
Margareth considera que este tipo de ação é imprescindível para a formação dos alunos, “é a melhor coisa a se fazer. Essa disciplina não tem essa oportunidade de fazer essa relação entre teoria e prática, e aí só é feita teoria em sala de aula.” Afirma que a falta de contato com a prática durante a graduação é uma questão abordada pelos alunos, mas que considera ter sido muito gratificante a reação positiva dado pelos acadêmicos durante a ação, e o entusiasmo demonstrado por eles para que outra ação social seja feita novamente.
Maria Eduarda Melo Costa, acadêmica que participou da execução do projeto, menciona que valeu todo o esforço, tempo e dedicação por poder vivenciar o momento que ela classificou como único. “Despertou meu lado humanista, a vontade de ajudar cada vez mais não importa qual etnia a pessoa representa. Enfermagem é amar, cuidar e se dedicar ao próximo, buscando melhoria igualitária. (...) São esses tipos de projetos que ampliam o conhecimento e aprendizado dos alunos, saindo da teoria e praticando, e assim construindo uma saúde indígena com qualidade no futuro.”
Heloísa Xavier descreveu a experiência como fantástica. “Eu pude transmitir o meu conhecimento sobre a importância de higienizar as mãos. Eu nunca tinha ido a uma Aldeia, mas fomos bem recepcionados pela equipe de saúde e pela comunidade indígena.”
De acordo com Margareth, ela planeja realizar ações futuras com os alunos devido ao entusiasmo e envolvimento demonstrado pelos acadêmicos durante a execução do projeto.
A realização do Projeto Criança Feliz, além de relacionar teoria e prática, teve como intuito proporcionar aos acadêmicos uma experiência voltada para o lado social, pois a partir do seu contato com pessoas em situação de vulnerabilidade social, pôde surgir uma nova visão acercadas questões sociais presentes na sociedade contemporânea.