Publicado no periódico International Conference on Information Technology-New Generations, da editora Springer, o artigo de autoria da professora da Ulbra Palmas Parcilene Fernandes Brito apresenta a Zona de Desenvolvimento Proximal do teórico russo Lev Vygotsky, que fala sobre os níveis de desenvolvimento real e potencial, sendo esse último quando a pessoa não consegue realizar a ação sozinha, mas sim com ajuda adequada. Esse conceito foi aplicado a plataforma Logic Live que auxilia alunos da Ulbra Palmas.
Nós conversamos com a professora sobre o desenvolvimento da pesquisa que começou ainda antes da pandemia e como foi ter essa publicação em nível internacional, confira.
Rafael: Começa contando pra gente um pouco da pesquisa, que foi inclusive publicada internacionalmente, quanto tempo levou e como você começou o processo dela?
Parcilene: a pesquisa, realizada na Ulbra Palmas, já tem mais de 5 anos, e tem como objetivo o desenvolvimento de uma plataforma para o ensino da Lógica, que é o Logic Live, a partir de um projeto orientado por mim, com trabalho de vários alunos que hoje são egressos da ULBRA e que estão em programas de mestrado e doutorado pelo país e fora do país. Esse grupo desenvolveu alguns módulos para a plataforma, como o módulo do Cálculo Proposicional, de Formalização etc. Mas, um dos problemas apresentados no Logic Live é o fato de os alunos às vezes não conseguirem resolver um exercício e abandonarem a questão. Isso acontece, muitas vezes, pelo fato do ambiente não ter uma funcionalidade de ajuda adequada, assim o trabalho publicado nesse artigo visa resolver esse problema, ao criar um objeto de aprendizagem que simule a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) definida por Vygotsky. Como também sou formada e tenho doutorado em psicologia, a junção das duas áreas ocorreu de forma mais natural para a solução do problema, nesse sentido, o objeto de aprendizagem poderia ser acionado em cada um dos módulos e serviria como uma ajuda contextualizada. No desenvolvimento do artigo, trabalhei com o Douglas, que foi meu orientando e agora é colega aqui da docência e mais dois egressos do curso, um egresso que trabalha a plataforma como um todo, o Henrique, e a Giovanna que entrou nesse trabalho agora e ajuda nas traduções.
Rafael: Agora essa pesquisa, baseada nas fundamentações do Vygotsky, vai trazer melhorias para plataforma imagino, então, que tipo melhorias, a gente pode esperar, que tipo de addons, que tipo de novidades a plataforma pode receber através deste artigo?
Parcilene: o objeto de aprendizagem atuaria como uma ajuda personalizada na plataforma para que o usuário possa identificar possíveis saídas em um determinado problema, com base no conhecimento que já tem. A grande questão é que ele simplesmente parava no meio da resolução de um problema porque não dava conta de resolvê-lo. A ideia é que o aluno possa prosseguir e aí podemos entender também quais objetos são mais assertivos, porque tem alunos que são mais visuais, outros são mais de exemplos e tem alunos que são mais de conceitos. Ao usar o objeto, o aluno pode fornecer um feedback do quão a ação contribuiu na sua aprendizagem.
Rafael: A partir disso é possível resolver soluções pros alunos de uma forma mais personalizada?
Parcilene: Sim, até mesmo na aula posso relacionar os problemas que os alunos têm durante a aula com o seu histórico no Logic Live. Por exemplo, entendi que muita gente errou a formalização "x" no Logic Live, então eu já trago isso para a sala de aula e até incorporo novos elementos na aula para ajudar a sanar essas dificuldades.
Rafael: Então dá pra ver que a ideia do trabalho nasceu para aprimorar a plataforma, mas acabou aprimorando a própria sala de aula também?
Parcilene: É porque a plataforma nasceu para ser mais um elemento para contribuir na aula de lógica, que é uma disciplina de início do curso, difícil para a maioria dos alunos, com turmas bem cheias. A plataforma, nesse contexto, forneceu uma dinâmica diferenciada ao processo de ensino e aprendizagem. O interessante é que, ao mesmo tempo que a matéria é difícil, muitos alunos gostam da disciplina, e eles querem trabalhar para desenvolver módulos para o ambiente em seus projetos de final de curso.
Rafael: Qual a importância desse artigo que acabou ganhando projeção internacional?
Parcilene: funciona como um feedback sobre o que a gente está fazendo em relação ao mundo, o quanto estamos atuais em relação ao mundo e essa sempre foi uma preocupação em nossos cursos da área da computação da Ulbra de Palmas. A questão nunca foi ensinar para um contexto específico, tipo para Palmas, mas ensinar o aluno a se virar no mundo, tanto na parte de mercado, quanto na parte de pesquisa, então quando trabalhamos pesquisa aqui e a gente consegue publicar em periódicos internacionais, é a prova de que funcionou.