Nos dias 22 e 23 de outubro, ocorreu a XIX Jornada de Iniciação Científica do Ceulp/Ulbra. O evento já é uma tradição na instituição e há dezenove anos vem coroando as produções científicas desenvolvidas pelos seus alunos. As pesquisas são divididas em seis áreas do conhecimento e englobam todos os cursos.
Na categoria Ciências Humanas, o trabalho vencedor foi “Protótipo de protocolo de testagem de sistema de realidade virtual para tratamento de fobias”, da aluna Bruna Medeiros Freitas. O projeto é resultado da sua pesquisa de PROICT, sob orientação do professor Fabiano Fagundes e envolveu os cursos de Psicologia e Tecnologia da Informação do Ceulp/Ulbra.
Realidade virtual é uma tecnologia capaz de enganar os sentidos do usuário, fazendo-o se sentir dentro de um ambiente simulado. Para isso geralmente se utiliza um ‘headset’, que é algo como um “óculos com fone de ouvidos”. Ele serve para transmitir estímulos sonoros e visuais ao usuário e fazê-lo se sentir completamente imerso na experiência. Em geral, essa tecnologia é utilizada para fins de entretenimento, principalmente na indústria de games, mas há outras funções para ela. Desde 1970, claro que numa versão inicial, os soldados norte-americanos já a utilizavam para treinamento e mais recentemente tem sido usada para o tratamento de fobias.
É a esta última funcionalidade que o trabalho da aluna Bruna Medeiros se dedica. Os acadêmicos da TI desenvolveram um aplicativo, chamado ALTVRA, que funciona como um jogo. O ambiente é todo modelado em 3D, com ângulo de 360°, o que permite que o usuário possa se “deslocar” dentro do jogo. Ele também precisa cumprir pequenas missões e a cada fase se distancia mais do chão. O objetivo é que o jogo, aplicado ao óculos de realidade virtual, possa ajudar a tratar pessoas com fobia de altura.
Bruna desenvolveu um protocolo de testagem, ou seja, uma metodologia de utilização do jogo, com fins terapêuticos. Esse protocolo foi dividido em cinco partes, um passo a passo, que une técnicas e conhecimentos da Psicologia com a tecnologia de realidade virtual. Durante três meses, cinco voluntários com níveis diferentes de medo e fobia, foram submetidos ao protocolo. Primeiro eles aprenderam a classificar seus medos: uns tinham mais medo de prédio, outros de avião, outros de roda gigante. Depois aprenderam técnicas de relaxamento, “o importante aqui é deixar a pessoa relaxada na hora do medo. Então o que a gente faz é mostrar para a pessoa: ‘aqui está o que você tem medo’ e em seguida trazer o relaxamento”, explica Bruna. Todo dia, os voluntários praticavam os exercícios em casa, para que quando fizessem as sessões com óculos de realidade virtual, já soubessem como proceder.
É importante ressaltar que o objetivo da pesquisa era analisar o aplicativo e o protocolo, como uma possível forma de terapia. Os voluntários, não ficaram totalmente livres de sua fobia, já que esse tratamento costuma levar anos, mas apresentaram uma evolução considerável. Demonstrando que o método totalmente desenvolvido aqui no Ceulp/Ulbra, pode sim, ser uma alternativa viável.
Esta é segunda vez que acadêmica Bruna Medeiros Freitas, marca presença na Jornada de Iniciação Científica. Sobre sua participação, ela é categórica: “Eu amei! Porém tudo isso só foi possível através de muito trabalho duro e esforço. E a recompensa veio. É muito bom ter seu trabalho reconhecido, saber que todo o esforço valeu a pena”