O curso de Psicologia da Ulbra Palmas encerrou, na última semana, o Estágio Básico em Saúde Mental com um evento especial realizado no auditório da Escola de Tempo Integral Almirante Tamandaré. A programação reuniu acadêmicos, supervisora, representantes da Secretaria Municipal de Educação e profissionais da rede pública para apresentar os resultados das intervenções desenvolvidas ao longo do semestre nas escolas municipais.
Durante o evento, os estudantes expuseram painéis com os projetos, oficinas e estratégias de cuidado psicológico realizadas com turmas e grupos da rede. O evento marcou também o lançamento do livro "Do SUSpirar ao dESCOLAr: Experiências do Cuidado em Saúde Mental", produzido a partir das vivências do estágio.
Formação para além da sala de aula
A professora e supervisora Ana Letícia, responsável pela disciplina, explica que o Estágio Básico em Saúde Mental é um espaço de aproximação entre os acadêmicos e a realidade da atenção psicossocial: "O estágio introduz o estudante aos fundamentos da promoção da saúde mental e às práticas de cuidado em diferentes territórios. Ele articula teoria, sensibilidade clínica e compreensão ética, conectando a Psicologia às escolas, ao SUS e às políticas públicas. É um espaço em que o aluno aprende, na prática, que o cuidado acontece no vínculo, no cotidiano e na relação com a comunidade".
O estágio funciona em pequenos grupos orientados por supervisores. Os acadêmicos participam de vivências formativas, elaboram projetos de intervenção, realizam encontros semanais com estudantes ou coletivos e produzem relatórios e portfólios que sistematizam todo o percurso. Em 2025, o produto final desse processo foi o livro lançado durante o evento.
Livro reúne experiências reais e práticas de cuidado escolar
O livro "Do SUSpirar ao dESCOLAr" nasceu das intervenções desenvolvidas pelos acadêmicos em escolas e unidades de saúde ao longo de 2025. Cada capítulo apresenta recortes das ações realizadas --- oficinas de convivência, práticas de escuta, dinâmicas de regulação emocional, grupos terapêuticos, observações de rotina escolar e conversas com equipes pedagógicas.
Segundo a professora Ana Letícia, o material cumpre três funções centrais:
* Registrar e valorizar a formação em saúde mental, mostrando que a Psicologia se constrói também no território.
* Compartilhar práticas que podem inspirar outras instituições, reforçando a importância da prevenção e da educação emocional.
* Dar visibilidade ao papel da Psicologia Escolar e Comunitária como campo de cuidado e transformação social.
Relatos que mostram transformação
A acadêmica Jaqueline Serafim, integrante do grupo que desenvolveu o projeto Convivência Sem Filtro, contou como a experiência ressignificou sua visão sobre a atuação do psicólogo: "A vivência evidenciou o quanto a escola é um espaço essencial de cuidado emocional e construção de vínculos. As intervenções contribuíram diretamente para transformar a rotina dos estudantes, criando um ambiente de diálogo, escuta e corresponsabilidade. Trabalhamos competências como autorregulação, empatia e convivência saudável, permitindo que os adolescentes reconhecessem sentimentos, gatilhos e formas mais positivas de interação".
Segundo ela, o projeto apoiou não apenas os estudantes, mas também os profissionais da escola: "Ficou claro que muitos comportamentos vistos como 'indisciplina' são, na verdade, expressões de necessidades emocionais. Isso ampliou o olhar da equipe para uma prática mais humanizada e preventiva".
Jaqueline destacou ainda o impacto da experiência na formação: "O estágio nos permitiu integrar teoria e prática, compreender a complexidade das relações escolares e atuar em situações reais de conflito e comunicação agressiva. A Psicologia Escolar mostrou, na prática, sua força transformadora para a promoção de saúde mental e cultura de paz".
